Faz cerca de um ano que eu estou estacionada e isto está começando a me incomodar. Quer dizer, isso me incomodou o ano inteiro, mas de uns tempos para cá eu só tenho me sentido patética e burra, por insistir num erro que só me faz mal. Eu parei no tempo, com a esperança de que as coisas mudassem algum dia, e desisti de todo o resto. Ando emotiva, ansiosa, sem paciência e me achando uma chata o tempo inteiro. Nem eu me aguento mais… Peço desculpas se pareço instável, uma hora querendo algo e logo depois mudando de ideia, mas é assim mesmo que eu ando me sentindo… Vulnerável e sem certeza de mais nada. Estou perdida e extremamente sensível, mais do que jamais me senti em toda a minha vida.
Mas a única culpada por eu estar me sentindo assim sou eu mesma, porque eu deixei isso acontecer comigo. Sabe aquele papo de amor próprio? Pois é, eu acho que eu perdi o meu no ano passado e esqueci de procurar. Me envolvi na situação e esqueci de viver o resto da minha vida, aproveitar os bons momentos, manter as coisas boas perto de mim e mandar as ruins embora… Foquei só no que estava me fazendo mal e deixei o barco afundar, mesmo com tanta coisa boa tentando me puxar para cima. Mas eu acho que eu sempre fui fraca com sentimentos, porque eles roubam a melhor parte de mim e ditam a minha vida. Eu nunca achei que isso me faria mal, mas o problema é que nem todos os sentimentos são bons, tem sempre aqueles que te fazem chorar. E quando você é muito intensa em tudo o que sente, sofrer não é algo fácil, porque você sofre muito. Muito. Demais.
Eu sei que eu tive várias oportunidades de mudar o que eu sinto, ou de pelo menos evitar que isso me fizesse tão mal, mas apesar de eu ser completamente racional sobre tudo, eu sempre ajo com o coração. Eu sei que eu estou fazendo tudo errado, mas eu faço mesmo assim e me disponho a lidar com as consequências. Grande coisa ser tão corajosa assim e correr todos os riscos, se o resultado sempre é o mesmo: soluços abafados com a mão e rios de lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Parece dramático — e eu sei que é, porque tudo na minha vida ganha mais drama do que deveria —, mas ninguém nunca consegue entender exatamente o que outra pessoa sente e as coisas pelas quais ela passa. Viver na minha pele é sentir tudo com um amplificador, picos de alegria e de tristeza, em questão de minutos. As coisas simples podem ser lindas e muito especiais, mas qualquer tropeço te destrói por completo.
A parte mais difícil de ser assim é saber que você precisa mudar, enxergar isso nitidamente e até saber o que fazer, mas não permitir que isso aconteça. É como se eu estivesse passando a perna em mim mesma, me sabotando, onde uma parte de mim me diz que eu preciso fazer tal coisa e a outra me questiona “vai desistir justo agora?”. Nessas horas, não ter medo de arriscar pode ser algo terrível, porque você vai lá e quebra a cara uma vez, duas, três e continua insistindo, porque “desistir” não faz parte do seu vocabulário. E porque você sempre acredita que as coisas vão dar certo uma hora e que ser persistente é uma qualidade, e não um defeito. Alguém esqueceu de me avisar que ser persistente no amor só causa sofrimento desnecessário. Aquele que você já sabe que é à toa, mas mesmo assim se levanta e entra na fila de novo, para mais uma dose. História minha vida: acreditar demais em tudo e achar que eu sou capaz de mudar o mundo. Ledo engano.
Meus amigos me dizem que eu tenho que levantar a cabeça e fazer alguma coisa, me mostrar produtiva e ocupar minha cabeça fazendo coisas que me fazem bem, mas é fácil para eles falarem, que estão com os pensamentos nos eixos… Ninguém faz ideia das loucuras que se passam na minha mente. Eu sei que são loucuras, mas elas estão lá e muitas vezes acabam me influenciando. E isso não tem a ver com as atitudes e opiniões de outras pessoas, mas sim com as decisões que eu mesma tomo. Todas erradas, provavelmente. Talvez eu devesse ouvir mais o que penso e seguir as sugestões do meu lado racional, e não os devaneios sem nexo do meu coração. Eu ainda acredito que tudo acontece por um motivo, mas talvez eu esteja interpretando tudo errado. Talvez quando eu percebi que algo tinha mudado e resolvi ficar por perto para ver o que ia acontecer, eu devia ter corrido para longe o mais rápido possível. Eu poderia ter evitado tudo o que eu passei, mas o que eu fiz foi sentar para assistir de camarote. Palmas para mim… #fuen
Mas eu estou tentando. Talvez não esteja tentando com toda a força que eu tenho, porque uma parte de mim me diz para não desistir. Sempre foi assim comigo, é all-in ou nada. E é por isso que muitas vezes eu me sinto idiota por ser e agir assim, porque eu nunca tenho garantia de nada e sei que se der tudo errado, não me sobra nada em mãos… Nem uma ficha. E lá vai eu começar do zero de novo… As pessoas podem pensar que eu sou fraca por me sensibilizar tanto com cada coisinha que acontece na minha vida, mas é só porque eu sou forte que eu consigo enfrentar tudo isso e recomeçar mais uma vez. Eu sou forte, eu sei. Eu só preciso me relembrar disso para dar a volta por cima. Só eu sei quantas vezes eu já fiz isso, mas eu continuo aqui até agora. Tentando, errando, aprendendo, crescendo… E eu nunca me arrependi por ser assim. Nunca me arrependi por tentar, de novo, de novo e de novo.
Depois de ouvir o que um amigo me disse sem querer, eu comecei a pensar seriamente sobre isso. Talvez ele não soubesse que eu precisava ouvir aquilo, mas a verdade é que ele estava completamente certo. Continuar sofrendo e permitir que esta tristeza invada a minha vida não vai fazer com que eu ganhe um final feliz, porque eu “mereci” depois de tudo o que eu passei. Às vezes eu tenho a tendência de achar que minha vida é um livro ou um filme e que tudo vai se acertar no final, mas a verdade é que a única pessoa capaz de conquistar o meu final feliz sou eu mesma, e se eu ficar esperando eternamente por isso, talvez ele nunca chegue. A gente precisa criar oportunidades, correr atrás das coisas que nos fazem bem e colocar na balança o que vale a pena ou não arriscar… E ouvir quando a razão te disser que não.
Faz tempo que eu sei que continuar sentindo isso não vai me acrescentar nada, mas é difícil abrir mão de um sentimento que ainda me faz sorrir… Mesmo que ele me jogue para baixo em todos os outros momentos. Eu sempre soube que ele tomaria conta de mim e que ia ser complicado me desfazer dele, porque ele é forte demais e eu, muitas vezes, perco o controle. Mas eu sei que é ele quem está impedindo que eu continue a minha vida agora. Sentimento este que me dá um nó na garganta, me enche de frios na barriga, aperta meu coração de tanta saudade, me deixa suspirando com as lembranças e faz os meus dias tão melhores. Sentimento este que ninguém nunca sentiu igual por ele, que é inocente, verdadeiro, sincero e que nunca pediu nada em troca. Sentimento este que me faz chorar e sorrir ao mesmo tempo, que me trouxe bons e maus momentos e que me faz querer explodir. Sentimento este que me mantém estagnada, não me deixa olhar para os lados, e que apesar de me fazer bem, precisa ir embora da minha vida.
Hoje faz exatamente um ano que eu puxei o freio de mão. Faz um ano que eu fui pega de surpresa e depois de dizer tchau, virei de costas e não consegui parar de sorrir por horas… Aquele “fim de noite perfeito” — entre aspas, porque as palavras não são minhas — só deu início a um ano desastroso, onde eu fui a pessoa que mais se machucou… Mas um ano é muito tempo para sentar, esperar e se lamentar. Está na hora de engatar a primeira e pegar a estrada novamente, mesmo que eu não faça ideia de para onde ir. Mas devagar e sempre é melhor do que continuar parada, perdendo tempo.