Era a primeira vez que ficávamos sozinhos, sem qualquer par de olhos conhecidos nos mirando. A batida do meu coração parecia uma montanha russa, oscilando entre altos e baixos, sem deixar que a adrenalina fosse embora, mesmo na curva mais suave do percurso. A única coisa que eu tinha certeza era que a gente não sabia como se comportar daquela forma, sem ninguém para opinar sobre nossas atitudes. Ele olhava para os lados sem parar, como se esperasse enxergar alguém conhecido e voltar à nossa velha rotina, mas não via ninguém por ali. O local estava deserto.
Ele me olhou por cima dos olhos e sorriu sem jeito, mexendo os lábios como se quisesse falar algo e não soubesse por onde começar. Por ironia do destino, eu estava mais calma do que ele e isso era visivelmente notável. Era impossível não me sentir à vontade perto dele e, mesmo com aquela mudança de cenário, eu ainda me sentia “em casa”, extremamente confortável.
Apesar de termos dito um para o outro que iríamos conversar sobre nós dois, esse foi o único assunto no qual não ousamos falar. Ele me contou sobre sua paixão por cavalos, sobre a sua cicatriz no queixo, sobre amar o filme “O Poderoso Chefão”, e eu falei sobre minha mania de morder a tampa da caneta, sobre meu sonho de ir para a Grécia e sobre minhas aulas de piano. Detalhes que sempre tivemos curiosidade de saber sobre o outro, mas que ouvidos alheios não permitiam que fossem perguntadas em voz alta. E eu queria saber mais sobre ele, sobre seus medos e desejos, sobre sua personalidade e sobre seu cachorro Taco.
Senti os dedos dele afastarem uma mecha de cabelo que sobrevoavam meus olhos e meu corpo respondeu com fervor no mesmo segundo. Um mero contato entre nossas peles era fogo, e nem um oceano Atlântico poderia dar jeito naquilo. Ele sorriu com o canto da boca e eu fitei seus olhos com desejo, querendo arrancar qualquer tecido que me mantinha longe dele. Ele me puxou pela blusa e tocou na minha barriga com o punho fechado, mordendo o lábio inferior enquanto olhava para baixo. Passei a mão por trás de sua nuca e fechei meus olhos.
Não tinha ninguém ali que pudesse nos ver, estávamos sozinhos. Nossos corpos estavam colados um no outro e eu podia sentir os pelos do meu braço eriçados de prazer, enquanto ele beijava lentamente o meu pescoço. Desci minha mão até a parte mais baixa das costas dele e pressionei o meu corpo ainda mais contra o seu, se é que isso fosse possível. E então ele simplesmente parou de se mexer, de pé na minha frente, e ficou me olhando. Me encarando. Me tentando.
“O que nós estamos fazendo?”, ele perguntou.
“Eu não faço a mínima ideia”, respondi com sinceridade.
A voz dele era suave, quase sussurada, e eu sabia que ele estava gostando de tudo aquilo. Continuamos a nos olhar por mais alguns momentos e então trocamos o nosso primeiro beijo. E que beijo. Fazia anos que eu desejava tocar aquela boca com meus lábios e, depois de ficar evidente para nós dois que não havia mais nada a fazer a não ser ceder ao nosso desejo mútuo, finalmente eu consegui o que queria. Ele era gentil ao me tocar e sua boca parecia de veludo, escorregando sobre a minha e fazendo borboletas voarem em meu estômago. Meu sangue fervia por dentro de mim.
Todas as células do meu corpo estavam prestes a explodir… Eu queria sair correndo e gritar para o mundo todo o quão feliz eu estava, mas não queria perder um segundo de estar nos braços dele. Ele tinha aquele jeito doce de me olhar, mesmo quando estava me provocando, que fazia meus joelhos ficarem bambos. Nunca imaginei que um dia estaria com ele desta forma, mas estava extasiada que este dia tinha chegado finalmente.
9 Comments
Uau! Adorei!
Me lembrou a música do Johnny Cash “The Ring of Fire”.
:)
Que lindoooo *–* é baseado em fatos reais? haha
amei o texto, me senti totalmente envolvida por ele e nao queria parar de ler :)
eu vi sua revisao de 2012 e espero que 2013 continue te trazendo sorrisos, gargalhadas e alegrias!!! :)
beijao linda!!
Ah o fogo da paixão…. bom bom bom, muito bom.
Não sei porque mas enquanto eu lia fiquei ouvindo “Fogo” do Capital Inicial na cabeça :D
“onde quer que eu vá, o que quer que eu faça, sem vc não tem graça” ^^
Ah, seus textos, sempre tão intensos, realistas, perfeitos! Descreve exatamente como a gente se sente perto de quem ama!
Amei a parte que ela quer saber mais sobre o cachorro dele, foi inesperado! rs
Já falei que devia reunir estes contos e publicá-los? Faria grande sucesso! Beijocas!
que texto tão lindo. Estava tao envolvida com a leitura que mal reparei que tinha terminado. x.x
Não há mais? T_T
Ui!
Que texto! É baseado em fatos reais? Não sei porque mas eu sempre penso em você como o tipo de garota que ja viveu essas histórias lindas que os filmes contam… Sobre paixões avassaladoras e sinceras.
Assim como a Poly, li escutando Fogo do Capital Inicial. Inclusive quando li o título, achei que fosse fazer referência a essa música…
Beijo grande e, antes que eu esqueça: um feliz 2013. Que este ano você possa completar aquela listinha de “desejos a longo prazo” e que ele te traga muitas surpresas boas!
Fê… vc sempre me deixa com uma ? enorme quando leio os teus textos!!!!
Bom, o que dizer a não ser que você escreve lindamente bem? Acho que toda vez que leio um texto seu é isso que digo! Flor, saudades de passar por aqui!
Beeeeeeijos enormes e um ótimo 2013,
May :*