Ele deitou de costas na cama, num pulo rápido, e puxou o lençol por cima das pernas, até a altura da cintura. Eu olhei para ele pelo reflexo da janela e pousei meus olhos em seus peitos, que estavam descobertos. Na altura do coração, um pingente prateado em forma de circunferência tocava a sua pele, que era clara e salpicada de pintas negras. Ele estava sério e olhava para o teto, concentrado em sua própria respiração. Contive um sorriso que ameaçou invadir meu rosto e peguei meu pijama, que estava na primeira gaveta do meu armário.

Quando eu voltei para o quarto, com o roupão de seda por cima do meu pijama verde, ele estava olhando para a porta e sorriu pra mim. Ele tinha um olhar doce, preocupado e sabia me deixar completamente sem jeito. Sentei no meu lado da cama, escorreguei o roupão pelos ombros e soltei os cabelos do coque no alto da cabeça. Senti os olhos dele queimarem minhas costas e me deitei rápido por baixo do lençol, ainda um pouco envergonhada. Demorei alguns segundos para criar coragem e olhar para ele, pensando em algo para dizer que não parecesse bobo ou fosse alguma piada sobre a nossa situação. Ele estava sério de novo.

Ficamos deitados por alguns minutos sem quase nos mexer e nenhum de nós conseguiu pensar em nada inteligente para falar. E como telepatia, ambos viramos o rosto para olhar para o outro e sorrimos surpresos com a sincronia dos nossos movimentos. Naquele momento, eu relaxei o corpo sobre o colchão e abri os punhos, que estavam fechados e tensos desde então. Afinal de contas, aquilo não era tão estranho. Ou não deveria ser, já que era ele quem estava ao meu lado, como sempre nos últimos meses.

Senti os dedos dele se aproximarem da minha mão e um frio na barriga me deixou polvorosa. Eu queria tudo aquilo, eu queria ele perto de mim, eu queria que ele me tocasse. E então eu entrelacei meus dedos nos dele, acompanhando o movimento de seus olhos, que olhavam para todos os lados, menos para mim. Quando ele me encarou, segundos depois, eu percebi que ele estava tão nervoso quanto eu e que seu olhar estava duro, receoso, ainda que tomado de carinho. Girei para o lado e coloquei minha outra mão sobre o rosto dele, sentindo cada curva da sua bochecha e boca, que agora estava sorrindo de volta para mim.

Sua pele era macia e estava quente. Pausei meu polegar sobre os seus lábios, que estavam úmidos e contraídos. Fiquei brincando com a boca dele, desenhando movimentos circulares e segurando o queixo com os dedos de baixo. Alguns segundos depois, ele virou de frente para mim, chegando mais perto e fazendo meu coração bater mais forte. Contornei o pescoço, o ombro, o braço e a cintura dele com a minha mão e puxei ele pra mais perto de mim, acomodando minha perna direita por entre as pernas dele. Ele puxou nossas mãos para cima e passou o braço dele por baixo do meu pescoço, me trazendo para ainda mais perto.

Cama

Agora eu sentia o cheiro da pasta de dentes dele e nossos corpos estavam grudados um ao outro, fazendo a raiz da minha coluna arder de euforia. Nunca tínhamos ficado tão perto, tão íntimos. Minha mão escorregou para as costas dele e meus dedos acariciavam a sua pele, provocando pequenos arrepios e suaves movimentos de prazer. Nossos olhos estavam trincados um no outro e a mão dele estava por entre os nós do meu cabelo, indo para cima e para baixo contra o meu couro cabeludo. Meu pé foi para cima do dele e o lençol foi estrategicamente jogado para o lado da cama, nos deixando descobertos e ainda mais agitados.

Ele subiu a mão para o meu rosto e passou o dedo indicador sobre o meu nariz, parando ao chegar no vão entre as narinas e o lábio superior. Pela expressão de seu rosto, eu imaginei que ele fosse falar algo, mas ele deve ter desistido no meio do caminho. Aquele momento não precisava de palavras, eu estava ali, de corpo e alma, e tudo o que ele precisava saber estava mais óbvio do que nunca. Ele puxou meu pescoço para frente e tocou minha bochecha com a ponta do seu nariz, fazendo leves movimentos para cima e para baixo, forçando meus punhos a se fecharem de tensão novamente. Percebi quando ele parou os lábios na frente dos meus, deixando a parte inferior da sua boca tocar a minha de raspão e minha respiração entregou que eu estava esperando por aquele momento há tempos. Ele sorriu rápido, molhou os lábios com um toque de língua e veio em minha direção. Sorri por dentro e por fora e fechei meus olhos.

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Escrito Por

Escrever é uma das minhas maiores paixões. Por aqui, eu falo um pouco das coisas que se passam pela minha cabeça, uma mistura de temas pessoais, reflexões sobre a vida e estórias fictícias. Sou gaúcha, moro em Toronto e trabalho como designer visual há mais de 15 anos. Mãe da Lica, a beagle mais linda desse mundo. Amante de música, livros, filmes, shows e tudo relacionado a Coréia do Sul. <3

5 Comments

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    Pequenos carinhos. Eles fazem toda a diferença.

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    Ai que delícia! Nada como o friozinho na barriga de ser tocado por quem se ama. Nada como reconhecer no olhar de quem se ama que o sentimento é mutuo e deixar tudo ir acontecendo naturalmente. Ah, lindo texto <3

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    Ô, delícia de post… hehehehe…

    Beijinhos

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    Já tô querendo ler um livro seu, Fernanda! xD

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    Olá, nossa… Que post lindo, eu sou o tipo de leitora que em qualquer história ou texto, me entrego completamente ao contexto, lendo seu post, parecia que um filme do que você estava contando passava com perfeição diante de meus olhos.Adorei de coração.
    Vai parecer que escrevi tudo isso só para poder te pedir um favor depois, mas esteja certa de que não é nada disso, fui sincera, pode acreditar.ahushuahusa
    Mas ainda assim preciso pedir, que se possível siga o meu blog (o link eu coloquei na lacuna de site), pois estou querendo fazer parceria com editoras e para isso preciso de bem mais seguidores.
    Enfim, era isso.
    Bjs boa noite.

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