Em 2010, minha vida romântica tomou um rumo estranho. Dali para frente, o caminho ficou escuro, gélido e confuso. Escolhas erradas, pessoas erradas, uma vida que estava longe de ser a vida que eu queria. Talvez por culpa minha mesmo, ou talvez por motivos que eu só entenderia mais adiante. Um ano mais tarde, eu me deparei com um dos amores mais difíceis que eu já vivi — e precisei lidar — na minha vida. Certamente, o que mais me fez chorar. O que mais doeu. Talvez por ter sido o primeiro que não deu certo, que não aconteceu.

Dois mil e onze não foi um ano fácil. Quem acompanhou de camarote, sabe que eu precisei tomar decisões complicadas. Mudar a minha vida, sair de cena, encontrar um outro trajeto. Quando o ano virou, as coisas começaram a clarear um pouco mais, mas seguir em frente (depois de uma grande decepção amorosa) nunca é tão fácil e simples assim. Eu me levantei do jeito que deu, ergui a cabeça e tentei me apoiar nas coisas que ainda me faziam sorrir, nas pessoas que estavam lá para me emprestar uma mão, um braço, um ombro.

O que veio depois disso, também não foi muito agradável. O ano de 2013 foi bastante inusitado. Bom por alguns lados, e péssimo por vários outros. Foi um ano em que eu tentei viver a vida de forma diferente, não me apegar muito a pessoas, deixar o meu coração leve e… Vazio. O que eu aprendi com isso é que eu não gosto de ter o meu coração vazio e que eu não posso viver uma vida que eu não quero para mim. Erros cometidos, lição aprendida.

No ano seguinte, eu finalmente consegui encontrar um respiro. Dois mil e quatorze foi um ano de mudanças, de novas experiências, de amadurecimento, de autoconhecimento, de conquistas pessoais e de definição de novas metas para a minha vida. Neste ano, eu comecei a abrir os olhos para ver um novo horizonte, enxergar pessoas diferentes, reconhecer a beleza da vida e dos simples momentos que te fazem sorrir.

Em 2015, eu me apaixonei de novo. No entanto, depois da história de 2011, meu coração ainda estava com medo de erguer as muralhas e arriscar. Eu fui cautelosa, eu esperei, eu contei até dez. Várias vezes. Mas a vida não costuma nos dar segundas chances e eu entendi que eu precisava pular, mesmo que o tombo fosse doloroso. E eu pulei. Pulei para me espatifar no chão logo em seguida, como já era esperado.

Mesmo não tendo sido feliz nas minhas tentativas, eu estava seguindo em frente. Eu estava tentando. Eu estava buscando o que faltava para mim, mesmo que o preço fosse alto. Eu nunca desisti de encontrar a outra metade da laranja. Dois mil e quinze não foi diferente, apenas mais uma queda.

Determinada, o ano de 2016 seria melhor do que o anterior. Eu fiz planos, eu engoli o choro e procurei começar de novo a minha vida. Literalmente, em outro lugar. Com a cabeça ocupada e uma rotina de tirar o fôlego, pensar sobre o rumo que a minha vida amorosa tinha tomado não era uma prioridade para mim. Mais uma vez, eu guardei meu coração lá no fundo do peito e ergui as minhas muralhas. Eu estou bem, eu pensava comigo mesma.

Porém, o coração muitas vezes não obedece o plano que a cabeça está tentando seguir. Em muitas noites, eu chorei. Eu sentia falta do que eu nunca tive com ele, eu queria aquela vida que foi roubada de mim — ou melhor, roubada dos meus pensamentos. Eu precisava seguir em frente, esquecer o passado, mas eu sabia que seria um trabalho árduo. Um processo longo.

Dois mil e dezessete e dois mil e dezoito passaram pelos meus olhos marejados num estalar de dedos. Com o tempo, as dores foram dando lugar a um novo sentimento dentro de mim. A certeza de que eu não podia me contentar com amores que estavam atrás das minhas lágrimas. Amores que me machucavam, que me faziam chorar, que me causavam nada mais do que sofrimento. Eu não queria mais sentir aquele aperto no meio do peito. Eu não queria mais não poder viver os meus sentimentos. Eu queria amar.

Quando o novo ano começou, eu tive mais certeza de que eu estava muito perto de estar pronta para traçar novos voos. Ainda não totalmente, mas eu estava no caminho certo. Na metade de 2019, a minha vida voltou a ser leve. Eu virei a última página daquele capítulo que já estava com as folhas amareladas, amassadas nos cantos, marcando o livro no mesmo lugar há tanto tempo. Eu queria seguir em frente, deixando o passado no passado.

Eu estava pronta. Livre, leve e solta, à espera de um novo romance.

A vida, às vezes, espera você se levantar do tombo antes de te jogar um novo desafio. Às vezes, as coisas acontecem todas ao mesmo tempo. A resolução, a decisão, a introdução de um novo percurso. O emaranhar de linhas se desfaz quando você menos espera e te mostra que você pode seguir aquela nova trilha de olhos abertos, às claras, sem medo. Um novo amor, uma nova chance, uma vida inteira pela frente.

Eu agarrei as barras da saia, respirei fundo e pulei de novo — e seja o que Deus quiser. Sim, eu quero esse amor. Eu quero viver essa vida. Viver tudo isso. Viver o amor que eu sempre mereci, o amor que eu sempre procurei, o amor que foi escrito para mim. Esse romance que finalmente veio, do jeitinho que eu sempre imaginei.

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Escrever é uma das minhas maiores paixões. Por aqui, eu falo um pouco das coisas que se passam pela minha cabeça, uma mistura de temas pessoais, reflexões sobre a vida e estórias fictícias. Sou gaúcha, moro em Toronto e trabalho como designer visual há mais de 15 anos. Mãe da Lica, a beagle mais linda desse mundo. Amante de música, livros, filmes, shows e tudo relacionado a Coréia do Sul. <3

6 Comments

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    Olá :)
    Como vai?
    Que texto lindo e sincero *–*
    Torço muito para as pessoas legais terem um amor igual aos que escrevo no meu blog.
    Espero que desta vez seja lindo e reciproco :)

    Beijos e se cuida

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      Oi, Sandro! Eu estou bem! Obrigada pelas palavras de carinho! Eu esperei bastante por este momento da minha vida e agora estou aproveitando da melhor forma possível. Espero que o final feliz seja igual ao dos livros também, né? Beijos pra você! <3

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    algumas lágrimas querem cair, mas eu estou segurando-as. primeiro pq estou no trabalho e meu chefe pode chegar a qualquer momento. segundo pq… ah, já chorei demais nessa vida! :D

    pude acompanhar de “perto” algumas das situações do texto e só consigo sentir orgulho de ti e das tuas conquistas… quanta coisa aconteceu, hein? tu com os seus romances, eu com os meus… mesmo com tanto tombo e tiro pra todo lado, a gnt tá aqui, de pé, ainda com força pra lutar essa guerra pra termos o amor que merecemos. <3

    não sei se entendi bem o final, e foi isso q fui no twitter perguntar o que já enviei por DM.. se se confirmar, meu Deus… meu choro vai se transformar em um grito de felicidade por ti!!!

    bj! :*

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      Oi, Adriel. Eu confesso que estava esperando que você lesse esse post, porque eu sei que você entenderia a urgência desse texto. Você sempre direcionou palavras de carinho e encorajamento para mim por todos esses anos e eu agradeço pela torcida para que eu encontrasse um amor de verdade. E eu encontrei — às vezes, ainda parece surreal. Outra hora, eu te conto mais detalhes da história, que como eu já te disse antes, é bem louca. Hahaha! Mesmo de longe, eu continuo na torcida para que você também encontre isso para a sua vida. E já aviso: vai acontecer quando você realmente menos esperar, assim como foi comigo. Um beijo grande, menino. E obrigada pelas quase-lágrimas e pelos potenciais gritos de felicidade! <3 <3 <3

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    A cura sempre vem, leva tempo, mas nosso coração é capaz de se recuperar quando menos esperamos. São fases que nos fazem mais fortes, aprendizados que nos deixam mais capazes e resilientes. Que seja leve e que você viva este amor. :)

    :**

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      Obrigada, Carla. Com certeza, hoje eu me sinto mais forte e pronta para viver essa nova história! Beijos para você! =*

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