Existe algo melhor que um abraço? Não aquele abraço de cumprimento ou um meio “por obrigação”, mas aquele que te diz coisas. Aquele que você não quer mais que termine, que te faz sentir segura, especial. Eu adoro abraços. Acho que um abraço pode dizer mais que palavras, é sincero e faz as duas partes envolvidas se sentirem bem. Pensando sobre abraços, eu me lembrei de três ocasiões em que os abraços foram muito especiais pra mim. Cada um com suas peculiaridades, com significados diferentes, mas que vão ficar guardados no meu coração pela eternidade.

Eu odeio fazer aniversário. Nunca me sinto muito bem no dia e sofro de uma terrível carência, porque apenas pouquíssimas pessoas se lembram da data. Mas aquele aniversário foi especial, talvez não o mais especial que eu já tive, mas para mim foi bom. Eu estava ansiosa esperando receber os parabéns de um certo alguém naquele dia, mas eu não sabia se ia acontecer. Por motivos que eu não me lembro agora (e também não faço mais questão de lembrar), eu não estava mais falando com ele na época. Mas o meu coração ainda acelerava e eu sentia um frio na barriga toda vez que eu ficava o observando de longe. Logo que eu cheguei, ele veio me cumprimentar. Não me lembro exatamente como aconteceu, mas depois que eu já estava nos braços dele, não importava lembrar ou não. Junto com o melhor abraço do mundo, eu ouvi um “eu te amo” ao pé do ouvido e gelei dos pés à cabeça. Naquele dia, eu ganhei o melhor presente de aniversário que eu podia esperar: poder sentir o abraço dele novamente. Não importava o que ia acontecer depois que aquele momento acabasse; ele tinha acabado de dizer que me amava. E eu sabia que era verdade.

Teve também aquele abraço que eu esperei por meses para receber. Uma história de amizade (pelo lado dele) e amor (pelo meu lado) enrolada que nunca deu em nada, mas que marcou a minha vida para sempre. E por mais que ele negue, eu nunca vou acreditar que éramos só amigos. No início talvez, mas as coisas foram mudando. Talvez ele não tenha percebido, mas era tão claro pra mim. Cartas infindáveis, conversas ao telefone por horas, históricos gigantes no ICQ, mensagens de texto no celular… Não importava o assunto, o final era sempre enfatizando que eu estava com saudade e queria poder dar um abraço nele. Ele sempre me dizia o mesmo. Mas aquela espera nunca terminava, a saudade apertando cada vez mais e o abraço mais esperado do mundo. Literalmente. E então ele me disse que ficaria me abraçando por três dias. Eu me lembro de ter ficado boba, sem reação e feliz, muito feliz. Muito tempo depois, nós tentamos, finalmente, dar aquele abraço. Ele saiu meio torto, sem jeito, e até hoje, quando eu penso nele, fico com vergonha de mim mesma. Tanta vontade, mas muito medo de fazer algo errado, porque eu não queria perder a amizade dele. Mas eu precisava daquele abraço. Abraço, que, no fim, nunca conseguimos dar. Não do jeito que a gente queria, aquele de três dias, bem apertado (e sem tapinha nas costas). Abraço, que apesar de nunca ter acontecido do jeito que a gente imaginou, valeu toda a espera, toda a vontade, todas as palavras trocadas pelo meio do caminho. E que apesar de ter sido “engraçado”, me faz sorrir até hoje.

Outro que me marcou aconteceu recentemente. Sabe quando você gosta muito de uma pessoa, mas, simplesmente, não tem mais contato com ela? Pois é. Essas coisas acontecem. Não por escolha minha, mas porque a vida continua e a gente precisa continuar caminhando. Apesar da distância, aquela pessoa sempre fica no seu coração, te trazendo lembranças boas e te mostrando que cada segundo vivido com ela foi especial e único, mesmo que por alguns momentos você duvide que ela também sinta o mesmo por você. E você vibra com qualquer oportunidade de rever esta pessoa, para tentar mostrar a ela como ela é especial. O último abraço que trocamos foi significativo. Pelo menos pra mim. E mesmo que ela não tivesse dito que estava com saudade, eu saberia. Foi um abraço forte, intenso, sincero e carinhoso; tudo ao mesmo tempo. Não sei quando vou revê-la, mas eu espero que ela saiba que a distância entre nós não significa falta de amor, porque, neste caso, o que eu sinto é justamente o contrário. Carinho em excesso.

Ainda houve outros abraços especiais, com certeza, trocados com outras pessoas, com as mesmas pessoas, em diversas ocasiões e transmitindo sentimentos diferentes. E abraço nunca é ruim, nunca transmite negatividade. É vida, é amor, carinho, orgulho, confiança, segurança, saudade… É tudo o que eu preciso quando estou meio para baixo ou quando quero dividir toda a felicidade que estou sentindo. Só um abraço. Simples assim.

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Escrever é uma das minhas maiores paixões. Por aqui, eu falo um pouco das coisas que se passam pela minha cabeça, uma mistura de temas pessoais, reflexões sobre a vida e estórias fictícias. Sou gaúcha, moro em Toronto e trabalho como designer visual há mais de 15 anos. Mãe da Lica, a beagle mais linda desse mundo. Amante de música, livros, filmes, shows e tudo relacionado a Coréia do Sul. <3

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